COMO DAVI E JÔNATAS E AS CORES DA AMIZADE

N. Batista @natally.batista.7
2 min readJun 20, 2021

--

NÃO DEMORE VIR ME VER

“Disse muito bem quem definiu o amigo como metade da própria alma. Eu tinha de fato a sensação de que as nossas almas fossem uma só em dois corpos”. (Santo Agostinho)

- Jônatas, Jônatas! Sinto saudades de ti. Para onde você foi? Sinto saudades de todas as cores que existiam quando eu ainda podia ouvir sua voz: sempre doce e tranquila. Até mesmo nas tribulações e embaraços que a vida me colocava, haviam as cores da esperança por detrás de seu tímido sorriso. Para onde você foi, Jônatas? Preciso de suas vestes, sua coragem, suas armas, seu amor. Me empreste tudo mais uma vez…

Não posso discernir bem a vida no preto e branco que por aqui ficou.

***

Existe na tradição Cristã uma comovente e autêntica história sobre dois amigos narrada pelo profeta Samuel em seu primeiro livro, trata-se de Davi e Jônatas. A história conta que Jônatas fez aliança com Davi porque o amava como a si mesmo. Jônatas deu à Davi suas vestes, suas armas e o livrou da morte. Talvez, um dos maiores símbolos de lealdade e amor genuíno narrado por tal tradição.

Li dia desses uma frase do abade francês, São Bernardo de Claraval, que diz o seguinte: “amo porque amo, amo para amar”. É curioso que naquele tempo que convivemos eu não entendia o significado dessas palavras, ela sim. Bem, havia muita coisa que ela compreendia, e eu não. Haviam também muitas coisas que ela sentia, e eu, ainda não.

Depois de algum tempo, o pacto feito entre nós desenvolveu contornos mais objetivos, e aí chegamos ao sentimento da “metade da própria alma”. Sim, porque já era possível sentir a aflição e o júbilo uma da outra…

Ela podia prever minha dor e adivinhar meus pensamentos. Chegávamos a conclusões simultaneamente e não havia tempo, distância ou silêncio que oscilasse a nossa amizade. Não havia nada que pudesse desorganizar nosso encontro de almas.

Ah! Jônatas, porque você se foi?

--

--

N. Batista @natally.batista.7

Palavras, palavras, palavras... escrever é gritar, o resto é silêncio (Sob forte efeito de Hamlet deixo a biografia para depois).